A PROFESSORA DE PIANO
Sinopse
Erika Kohut (Isabelle Huppert) trabalha como professora de piano no Conservatório de Viena. Ela não bebe nem fuma, vivendo na casa de sua mãe (Annie Girardot) aos 40 anos. Quando não está dando aulas Erika costuma frequentar cinemas pornôs e peep-shows, em busca de excitação. Logo ela inicia um relacionamento com Walter Klemmer (Benoît Magimel), um de seus alunos, com quem realiza vários jogos perversos.
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A perversão é uma estrutura de personalidade descrita primeiramente por Freud. Que descreveu três estruturas de personalidade diferentes que são: a neurose, a psicose e a perversão, sendo a principal diferença entre essas é que o neurótico, sente culpa, o psicótico alucina (ou seja, não tem noção do que é realidade e fantasia) e o perverso, não sente culpa. Freud diz que o perverso não se importa com o desejo do outro e visa somente o seu próprio prazer, não medindo as conseqüências de seus atos para alcança-lo. O perverso é uma pessoa que não possui limites e não sabe respeitar as regras que são colocadas a ele. Ele também sente prazer com o sofrimento do outro causando muitas vezes a humilhação e o desprezo. É dissimulado e manipulador, tanto verbalmente como em atitudes, pode se fingir de arrependido quando na verdade está apenas manipulando o outro a acreditar na sua mentira.
Uma das principais características da perversão é também a anulação do desejo do outro. Ou seja, não importa o que o outro deseja ou não, o perverso vai apenas realizar suas vontades e fantasias, sejam elas com o consentimento ou não da outra pessoa em questão.
No filme esse tipo de atitude é visto da forma fria com que a professora trata o seu aluno que se diz apaixonado por ela. E a forma com que ela o humilha e controla a situação na cena do banheiro, por exemplo. Ou quando ele lê a carta que ela escreveu a ele, e ela continua com tamanha frieza que não esboça um sentimento sequer, a não ser o ar de superioridade que ela tem durante todo o filme.
Outra parte que ilustra bem o quão dissimulado um perverso pode ser é quando a professora coloca cacos de vidro dentro do bolso do casaco da aluna que ela julga alguém ruim e sem talento. Quando questionada quem poderia ter feito tal crueldade com a aluna ela simplesmente diz que não sabe, e além disto, tenta demonstrar certo afeto pela aluna. O que não passou de uma demonstração “politicamente correta”, já que na verdade ela estava sentindo prazer (no sentido de satisfação) com o sofrimento da outra.
É claro que não se pode considerar perversas todas aquelas pessoas que fazem crueldades, que humilham outras pessoas e/ou se mostram superiores as demais. Pode ser apenas uma maneira de se defender. Vale dizer que a perversão é uma estrutura de personalidade, não é como uma gripe, que hoje você tem, e amanhã você já está curado. Não é uma doença que se trata com medicação, mas é uma forma que a pessoa encontrou para viver, por N motivos, que se for explicar todas ficaria três dias explicando e ainda não terminaria de dizer tudo. É importante dizer também que o perverso não tem apenas fantasias sexuais sádicas, e nem sempre existe essa conotação puramente sexual na perversão. Uma pessoa perversa pode sentir prazer com outros tipos de situações, que muitas vezes nada tem sexual. O seu prazer vem não somente com o sofrimento físico do outro, pode ser alguém que goste de manipular apenas pelas palavras, e muitas vezes sem dizer nenhuma palavra ofensiva, o seu prazer, pode estar na manipulação de vontades e desejos do outro, por isso que o ditado “lobo em pele de cordeiro” encaixa-se muito bem para os perversos.
Fonte: Freud, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.